Seca e Cheia: Um fenômeno natural na Amazônia

Geograficamente a Amazônia brasileira é constituída pelos estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Amapá, Tocantins e uma área a oeste do meridiano 44º W denominada de pré-Amazônia Maranhense. Apresenta um clima atual que é uma combinação de vários fatores, sendo que o mais importante é a disponibilidade de energia solar. Medidas realizadas na Amazônia Central (Manaus-AM) indicam que os maiores totais de radiação que chegam à superfície ocorrem nos meses de setembro/ outubro, sendo que os mínimos são nos meses de dezembro à fevereiro. Esta distribuição é controlada pela nebulosidade associação ao padrão espacial e temporal das chuvas na região. A flutuação anual na radiação solar, na temperatura do ar e na umidade atmosférica está associada com o ciclo anual das chuvas. Por ocasião do período mais chuvoso, ocorre redução na temperatura do ar, da radiação solar global e o aumento da umidade do ar. O oposto ocorre por ocasião do período de estiagem.

As condições climáticas na Amazônia é uma combinação de vários fatores que estão intimamente relacionados entre os quais podemos mencionar o transporte de vapor d’água do oceano Atlântico para a região contribuindo com três quartos da umidade que circula anualmente na região. O restante de vapor d’água que circula na Amazônia, ou seja, a quarta parte é produzida pelo processo de evapotranspiração que é a transpiração das plantas e a evaporação das superfícies úmidas.

Por outro lado, temos as precipitações (chuvas) anuais que representam duas vezes a evapotranspiração total. Isto nos leva a dizer que a região Amazônia recebe, recicla e exporta uma quantidade anual de umidade que representa cerca de duas vezes o total da precipitação regional, ou ainda, quatro vezes a sua evapotranspiração. Assim, metade é transportada em direção ao sul da América do Sul e a outra metade em direção ao oceano Pacífico e Caribe.

Existem dois períodos distintos na região, período de chuvas que é compreendido entre novembro e março e o período de estiagem que ocorre entre os meses de maio e setembro. Essa sazonalidade faz com que a distribuição de chuva no trimestre dezembro-janeiro-fevereiro apresente uma precipitação alta (superior a 900 mm) na parte oeste e central da Amazônia. Já o trimestre compreendido entre junho-julho-agosto, o centro de máxima precipitação descola-se para o norte ficando sobre a América Central. Assim, podemos dizer que grande parte do vapor d’água que é utilizado na formação de nuvens de chuva é de origem local, ou seja, da transpiração da floresta, e o restante é importado para a região pelo fluxo de umidade proveniente do Oceano Atlântico. Nessas condições teremos uma média de aproximadamente 2300 mm/ano, porem, na fronteira entre Brasil e Colômbia e Venezuela essas precipitações podem chegar a uma media anual de 3500 mm.

Periodicamente, as bacias oceânicas influenciam o clima na região Amazônica, principalmente o norte e leste da Amazônia que são afetados de maneira pronunciada pelas mudanças na circulação atmosférica durante episódios conhecidos como El Nino e La Nina.

O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical. A La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño, e que se caracteriza por um resfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Esse comportamento faz com que as mudanças causadas pela La Niña sejam opostas aos do El Niño.

Durante a permanência do El Niño, o norte e o leste da Amazônia são afetados pela diminuição da precipitação que ocorre entre fevereiro e maio. Por outro lado, o leste e partes ao sul e centro da bacia, sofrem influencias da La Niña. Nessas condições, a porção norte da baia, esta ocorrendo uma diminuição nas descargas durante os eventos El Niño e aumento na presença da La Niña, e de maneira oposta, haverá uma maior vazão na bacia do Rio Madeira na porção sul da Bacia Amazônica isto durante o El Niño e redução durante o evento de La Niña.

Esses eventos mostram que a variação inter-anual da precipitação esta associada à variação da temperatura da água do mar no Atlântico tanto na bacia Norte quanto na Sul. Essas variações na temperatura mostram que quando as águas do oceano Atlântico Sul estão mais frias as chuvas tendem a reduzir no leste da Amazônia e a aumentar ao sul da bacia. Quando as águas da bacia do Atlântico Norte apresentam se mais frias teremos um comportamento inverso, ou seja, teremos mais chuvas no leste da Amazônia e menos chuva no sul da região.

Ao analisarmos essa complexidade que é o clima na região Amazônia, observamos alterações no comportamento das características hidrológicas da bacia que estão diretamente relacionadas com as condições climáticas. Nos últimos 50 anos, a Amazônia passou por pelo menos três grandes secas. A primeira ocorrida em 1963, quando a Amazônia não estava no auge do desmatamento; a segunda em 2005 e a terceira em 2009, a região atingiu um desmatamento um pouco preocupante.

Seca e cheia são fenômenos naturais que se renovam a um determinado período de tempo. Entretanto, o desmatamento e as queimadas podem contribuir parcialmente para a seca e, devemos se possível evitar estabelecer um relacionamento com o aquecimento global. Quanto ao desmatamento e as queimadas, que ocorrem na região, não são o motivo principal, porem, podem ser fatores que irão intensificar essa anomalia. Por outro lado, o uso inadequado do solo pode gerar impactos importantes no transporte de vapor d’água na região, que é serviço ambiental que floresta Amazônica presta gratuitamente.

Europeu e Americano já destruíram toda a sua vegetação e estão impondo aos países amazônicos a preservação da floresta a titulo de conter o aquecimento global. Eles não abrem mão do seu desenvolvimento e de seus lucros. Como fica o caboclo, esse amazônida, que tem que fazer seu roçado para sua sobrevivência? Quem pagará a conta para a sua manutenção na floresta? Devemos deixar o discurso e partir realmente para desenvolvimento sustentável voltado para a realidade amazônica.

SAND-RIO

Artigo do Portalamazonia.com

http://www.redeamazonica.com.br/portalamazonia/especiais/opiniaoEspecialista.php?idEspecial=18&idOpiniao=16

8 Comments

  1. Posted 26 agosto 2011 at 11:44 PM | Permalink

    valeu eu aprende muito agora

  2. Posted 21 maio 2012 at 2:14 PM | Permalink

    Sim, eu entendi muita cosa, mais vcs podiam resumir um pouco e falar também oque está presente nas fotos (QUE SÃO AS MUDANÇAS) assim com o nome (TÍTULO) em cima e o texto de acordo com ele os visitantes vão ntender mais.

    Obrigada bjs

  3. Posted 1 fevereiro 2015 at 10:45 PM | Permalink

    deus perdoaa a naturesa nao

  4. CARLOS
    Posted 13 maio 2015 at 1:30 PM | Permalink

    MUITO BOM

  5. Roberlane Monteiro
    Posted 22 agosto 2015 at 8:09 PM | Permalink

    TENHO ASSISTIDO E LIDO SOBRE AS PREVISÕES DO TEMPO NO BRASIL,AMAZÔNIA,SUDESTE ETC. OS METROLOGISTAS COMO TODO PESQUISADOR OU CIENTISTA.FALA HÁ VONTADE DA SUA ÁREA DE CONHECIMENTO. ENTÃO QUANDO FALAM DO EL NINO E COM O PASSAR DOS ANOS DA LA NINA.O QUE SABEM SOBRE A INFLUENCIA DO CINTURÃO DE FOGO NO PACIFICO E O AQUECIMENTO DE SUAS ÁGUAS.

  6. Posted 17 novembro 2016 at 12:47 PM | Permalink

    esse site e show papai

  7. Duanny D. P. Neves
    Posted 18 novembro 2017 at 4:34 PM | Permalink

    No sudoeste da amazônia. Rondônia e Acre muito da floresta já foi para o chão, hoje a grandes criações de gado e peixe na região. O que se percebeu é que o ciclo de chuvas e secas que antes era bem regular hoje é bastante irregular. Há anos que a chuva tarda a chegar e demora a ir embora.

    • Duanny D. P. Neves
      Posted 18 novembro 2017 at 4:35 PM | Permalink

      Correção … há grandes…


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