Tempo e Clima – uma confusão nada inocente

Oscilação do Atlântico Norte

Já me irrita a confusão sistemática entre “tempo” e “clima“! Um tromba-de-água, como a que ocorreu no Algarve, é um fenómeno meteorológico e não ”climatérico” – palavra que os ignorantes utilizam quando querem dizer ”climático”… Ele são as legendagens e dobragens mal feitas, os notíciários e jornais que desinformam, os “manda-bitaites” da internet… E, como a lavagem cerebral foi tão bem feita, não é possível ter uma conversa com um leigo na matéria em que esta confusão não apareça!

O “tempo”, estudado pela meteorologia, é o conjunto de variáveis atmosféricas registadas em cada dia. O “clima”, estudado pela climatologia, é a variação desses dados e das suas tendências ao longo de períodos nunca inferiores a 30 anos. Isto inclui, obviamente, os fenómenos climáticos e a sua evolução diária pois são estes que determinam o “estado do tempo” em cada região – no caso de Portugal, neste momento, o principal fenómeno climático a afectar o estado do tempo é a Oscilação do Atlântico Norte (N.A.O.).

Podemos tentar prever, por exemplo, o estado do tempo para os próximos 10 dias num sítio específico, tendo em conta as observações actuais – sendo que a partir de três dias, as probabilidades de acertar são mínimas: http://www.meteo.pt/pt/cidadeprev10dias.jsp. Ou podemos tentar definir uma tendência geral para um território largo, tendo em conta as principais variáveis climáticas – neste caso a N.A.O.: http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/precip/CWlink/pna/nao.shtml.

Esta confusão, aparentemente inocente, tem servido os propósitos de quem pega nos fenómenos meteorológicos mais intensos e lhes chama “clima extremo”  – um aproveitamento do analfabetismo científico do cidadão comum, para satisfazer a agenda política dos que apontam o dedo ao Homem, à indústria e ao capitalismo por um fenómeno natural: a variação do clima. Os Goebbels e Kossina de hoje, chamam-se Al Gore e James Hansen! Mas, mesmo com todos os argumentos demolidos e todas as previsões falhadas, continua a ser impraticável parar este comboio em andamento que é o “alarmismo climático”.

António Gaito

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